Lição 2 - Abel, Exemplo de Caráter que Agrada a Deus

A importância da narrativa de Caim e Abel

A narrativa sobre os dois irmãos, Caim e Abel, filhos de Adão e Eva, é uma das mais famosas e inquietantes histórias da Bíblia. Tão importante que teve uma impressionante versão moderna na literatura de ficção. A obra Abel Sanches - Um a História de Paixão, do filósofo, romancista, ensaísta e dramaturgo espanhol Miguel de Unamuno, retratou a experiência humana moderna retomando o fratricídio entre as duas personagens bíblicas que inauguraram o primeiro homicídio da história da humanidade. É uma trama que põe em xeque a natureza humana dominada pela inveja, que por intermédio do contorno trágico dessa grande história, revela a primeira injustiça praticada pelo gênero humano após a Queda. Caim e Abel saíram das páginas da Bíblia para o mundo, pois apesar dos milênios, continua sendo a história contemporânea da natureza humana dominada pelo pecado e tecida de maneira nua e crua.

Abel é a antítese da injustiça de Caim

O capítulo 4 de Gênesis revela que o objeto desse trágico acontecimento foi uma oferta. Evidente que a atenção do autor sagrado não se volta meramente para o objeto, mas à intenção das pessoas que portam o objeto e o apresentam a Deus (Gn 4.7). Segundo o relato das Escrituras, a oferta de Caim foi trazida como fruto da terra, isto é, oferta de grãos; a de Abel, das primícias dos animais, ou seja, oferta de sangue. Há quem pense que Deus rejeitou a oferta de Caim por ela ter sido de grãos e não de sangue. Tal interpretação não há fundamentação bíblica, a não ser por mera indução. Parece-nos que a nota explicativa do teólogo Donald Stamps, Editor Geral da Bíblia de Estudo Pentecostal, é permeada de melhor senso: "O Senhor aceitou a oferta de Abel, porque este compareceu diante dEle com fé genuína e consagração (Hb 11.4; 1 Jo 3.12; Jo 4.23,24). A oferta de Caim foi rejeitada porque ele estava destituído de fé sincera e obediente, e porque as suas obras eram más (vv.6,7; 1 Jo 3.12)". Corrobora com essa assertiva o teólogo pentecostal J. Wesley Adams, quando ele escreve: "[...] o sacrifício de Abel era uma expressão de adoração que envolvia toda a sua vida e fé. Apresentou toda a sua fé a Deus; não manteve qualquer reserva". Diferentemente, Caim não era justo. Deus disse que se ele fizesse o que era certo a sua oferta seria aceita (Gn 4.3-7). Portanto, Caim foi devorado pela inveja, pelo ódio e pela injustiça.